“ORROZ, o Caminho Médio, ou estado imperturbável que deveria ser contemplado pela justiça, só se altera quando aparece aquele termo anarmônico[1] que caracteriza os fenômenos, e que lhes confere propriedades físicas no mundo da matéria e forças. Podemos dar muitos nomes para essa anarmonia, a saber:
quebra de simetria,
impureza,
imperfeição,
iniquidade,
discordância,
finitude,
tempo,
falha,
nascimento,
vida,
morte,
existência.
No extremo, tudo o que se poderá saber no mundo fenomenológico é que sua verdade estará contaminada por todas essas coisas enumeradas acima. Como poderia ser diferente com os processos que você julga, ORROZ? E que nome poderíamos dar a isto senão uma farsa?
É aqui que se pode dizer haver algo pior do que uma mentira: é uma convicção. E no seu caso, ORROZ, a convicção tirou-lhe a razão, sem antes lhe transformar no grande tolo que se voltou para leste apenas agora, quando pouco tempo falta para aquela montanha ruir e a farsa ser desnudada.
Logo mais, você relembrará as alternativas que teve, mas que lhe foram roubadas pela sua própria convicção”.
[1] Conceitualmente, os cinco elementos (terra, água, fogo, ar e kuu) constituem impurezas num estágio superior, pois seus microconstituintes, moléculas – átomos – partículas elementares, já as são num grau mais fundamental, a partir das quais se descrevem todos os fenômenos do universo conhecido. Um tratamento teórico sobre a Contribuição Anarmônica encontra-se em O Cristalino.