Naquela ocasião, o Buda Shakyamuni levantou-se de seu trono da Lei e manifestou grandes poderes espirituais. Com sua mão direita ele tocou o topo da cabeça de ilimitados Bodhisattvas Mahasattvas e disse: “Através de ilimitadas centenas de milhares de miríades de kotis de asamkhyas de kalpas, eu tenho cultivado e praticado a rara Lei do Anuttara-Samyak-Sambodhi. Eu agora a transmito a todos vocês. Devem, com um pensamento único, propagar esta Lei, fazendo-a disseminar extensivamente”.
Dessa forma, ele tocou o topo da cabeça dos Bodhisattvas Mahasattvas por três vezes, dizendo: “Através de ilimitadas centenas de milhares de miríades de kotis de asamkhyas de kalpas, eu tenho cultivado e praticado a rara Lei do Anuttara-Samyak-Sambodhi. Eu agora a transmito a todos vocês. Devem receber, ostentar, ler, recitar e proclamar vastamente esta Lei, fazendo com que todos os seres viventes ouçam-na e compreendam-na[1]”.
“Por que razão? O Tathagata é grandemente piedoso e compassivo, sem mesquinhez e sem receio. Ele é capaz de conceder aos seres viventes a sabedoria do Buda, a sabedoria do Tathagata e a sabedoria que vem por si mesma[2]. O Tathagata é um grande anfitrião dadivoso para todos os seres viventes. Sendo assim, todos devem estudar adequadamente as Leis do Tathagata e nunca se tornarem mesquinhos[3]”.
[1] Neste ato o Buda Shakyamuni faz a Transmissão da rara Lei do Anuttara-Samyak-Sambodhi (iluminação suprema e perfeita), aos incontáveis Bodhisattvas Mahasattvas presentes.
[2] Refere-se à sabedoria de Buda infinitamente profunda e imensurável. Uma sabedoria que excede a razão humana e que através desta não pode ser alcançada. Por isso, vem por si mesma, emanando daqueles que alcançam a iluminação do Buda.
[3] “… nunca se tornarem mesquinhos”. A sabedoria e o mérito são atributos que somente o Buda pode conferir a um Bodhisattva, neste caso, um mortal comum. Esses atributos estão além daquilo que a razão humana possa conceber, entender ou relacionar com as coisas do mundo tríplice. Nutrir sentimentos de avareza e inveja significa, num sentido, relacionar os atributos da Lei com os valores mundanos. A inveja e a avareza são também as inspirações dos que buscam a fama e a fortuna, ferindo o exato âmago deste Sutra.
Extraído do CAP. 22: A Transmissão.
