A Menina de Cravasti

Naquela ocasião, lá em Cravasti vivia uma jovem menina que era extremamente pobre. Ela tinha levado três meses para economizar dinheiro suficiente para comprar um pedaço de tecido grosseiro, do qual ela havia acabado de fazer um vestido para si. Ela viu Anathapindika cercado por uma grande multidão.

“O mercador Anathapindika parece estar esmolando”, ela disse à uma pessoa presente.

“Sim, ele está esmolando”, foi a resposta.

“Mas se diz que ele é o homem mais rico em Cravasti. Por que ele estaria esmolando?”

“Você não ouviu a proclamação real sendo apregoada através das ruas, sete dias atrás?”

“Não!”

“Anathapindika não está coletando esmolas para si. Ele deseja que cada um participe do bem que ele está fazendo, e está pedindo por donativos para o Buda e seus discípulos. Todos aqueles que doarem adquirirão direito a uma retribuição futura.”

A jovem menina disse para si: “Nunca fiz nada digno de louvor. Seria maravilhoso fazer um oferecimento ao Buda. Mas sou pobre. O que tenho eu para dar?” Ela afastou-se, melancolicamente. Olhou para o seu novo vestido. “Tenho apenas esse vestido para oferecer-lhe. Mas não posso seguir nua através das ruas.”

Ela foi para casa e tirou o vestido. Então, pôs-se à janela e observou Anathapindika. Quando ele passou em frente à sua casa, ela jogou o vestido para ele. Ele o pegou e mostrou-lhe para seus servos.

“A mulher que jogou esse vestido para mim”, disse ele, “provavelmente nada mais tem a oferecer. Ela deve estar nua, se tem que ficar em casa e dar esmolas dessa maneira estranha. Vá! Tentem encontrá-la e vejam quem ela é.”

Os servos tiveram alguma dificuldade para encontrar a jovem menina. Finalmente viram-na, e constataram que seu mestre havia sido correto em sua suposição: o vestido que lhe fora atirado pela janela era toda a fortuna da menina pobre. Anathapindika ficou profundamente comovido; ordenou a seus servos trazerem muitas roupas bonitas e caras, e deu-as a essa donzela piedosa que havia oferecido seu único vestido.

Ela morreu no dia seguinte e renasceu como uma Deusa no céu de Indra. Mas ela nunca esqueceu como ela tinha vindo a merecer tal recompensa e, certa noite, ela desceu à terra e foi ao Buda, e ele instruiu-lhe na lei sagrada.

A vida do Buda, tr. para o francês por A. Ferdinand Herold [1922], tr. para o inglês por Paul C. Blum [1927], rev. por Bruno Hare [2007], tr. para português brasileiro por Marcos U. C. Camargo [2011].

Fonte: Sacred-Texts em http://www.sacred-texts.com/bud/lob/index.htm

Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

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