V.3 – Coordenadas Normais no Sistema Quântico
De acordo com o princípio da correspondência, é sempre possível recuperar as equações clássicas do movimento da mecânica quântica, contanto que cada variável clássica tenha sido substituída pelo valor esperado do correspondente operador quântico.
Consideremos o estado estacionário de n-fônon ׀n>, e admitamos a variável Q deslocada de uma distância є no instante t=0.
|
׀Ψn(t=0)> |
= |
exp |
( |
-i ћ |
є^p |
) |
׀n> |
= |
|
= |
exp |
{ |
є |
( |
mω 2ћ |
) 1/2 |
(â+-â) |
} |
׀n> |
(72) |
A omissão dos índices α e q visou simplicidade de notação, e os operadores correspondentes às coordenadas P e Q serão ^P e ^Q, assim como â+ e â. O valor de ^P substituído acima, foi sacado das equações (66), onde foram definidos â+ e â. A equação no tempo desta função de onda segue a equação Schrödinger do movimento.
|
[ |
H,â+(t) |
] |
= |
iћ |
δ δt |
â+(t) |
= |
ћωâ+(t) |
(73) |
que tem solução
|
â+(t) |
= |
â+e-iωt |
(74) |
Assim,
|
׀Ψn(t)> |
= |
e-(i/ћ)ωnt |
exp |
{ |
є |
( |
mω 2ћ |
)1/2 |
( |
â+e-iωt-âeiωt |
) |
} |
׀n> |
(75) |
Dessa maneira, a função de onda tem todas as propriedades clássicas exigidas:
|
<^Q> |
= |
єcosωt |
|
<^P> |
= |
– mωєsenωt |
|
<H> |
= |
ωn |
+ |
1 2 |
є2mω2 |
(76) |
Para o oscilador puro considerado aqui, não há limite para a amplitude є. Na prática, todavia, a maioria dos sistemas tornam-se anarmônicos para grandes amplitudes de oscilação. Mostraremos agora que, para uma amplitude infinitesimal, qualquer hamiltoniana tem as propriedades clássicas correspondentes de um oscilador harmônico.
Para qualquer hamiltoniana é possível definir os operadores de excitação e de desexcitação, âα+ e âα, tal que
|
âα+|0> |
= |
׀α> |
|
âα׀α> |
= |
|0> |
|
âα|0> |
= |
0 |
(77) |
Além disso, esses operadores obedecem equações do movimento do tipo do oscilador harmônico
|
[ |
H,âα+ |
] |
|0> |
= |
ћωαâα+ |
|0> |
|
[ |
H,âα |
] |
|0> |
= |
-ћωαâα |
|0> |
|
[ |
âα,âα+ |
] |
|0> |
= |
|0> |
(78 ) |
As coordenadas podem também ser definidas como
|
^Qα |
= |
( |
ћ 2 mαωα |
) 1/2 |
(âα++âα) |
|
^Pα |
= |
( |
ћ mαωα 2 |
) 1/2 |
(âα+-âα) |
(79) |
por analogia com as expressões que definem âα+ e âα, com uma escolha arbitrária do parâmetro de massa. Se gerarmos agora a função de onda dependente do tempo
|
׀Ψ(t)> |
= |
e-iω0t/ћ |
exp |
{ |
є |
( |
mαωα 2ћ |
)1/2 |
( |
âα+e-iωt-âαeiωt |
) |
} |
|0> |
(80) |
Então, em virtude das relações acima, obtemos novamente as relações clássicas
|
<^Q> |
= |
єcosωαt |
+ |
0(є2) |
|
<^P> |
= |
– mαωαєsenωαt |
+ |
0(є2) |
|
<H> |
= |
ω0 |
+ |
1 2 |
є2mαωα2 |
+ |
0(є3) |
(81) |
Enfatizamos que essas relações são válidas para qualquer hamiltoniana. A diferença é que, para a hamiltoniana de um oscilador não harmônico, elas são válidas somente para indicação da ordem de amplitude є, que deve conseqüentemente ser infinitesimal. É significativo, portanto, descrever ^Pα e ^Qα como coordenadas normais e as correspondentes oscilações como modos normais. Preferimos, todavia, descreve-las como pseudo-coordenadas uma vez que, como os operadores âα+ e âα, elas em geral obedecem às relações de comutação do oscilador somente quando operando sobre o estado fundamental:
|
[ |
^Qα,^Pk |
] |
|0> |
= |
δkαiћ |
|0> |
(82) |
Rowe, D.J. – Nuclear Collective Motion, Methuen & Co., London 1970.
