“Oh bom homem! Por exemplo, existe um rei que ouve uma harpa, cujo som é sereno e maravilhoso. Em sua mente encantada, surgem a alegria e a felicidade, intercaladas com pensamentos de amor, e é difícil [para ele] afastar o sentimento de soberba. Ele diz ao seu ministro: ‘De onde surge essa espécie de som maravilhoso’? O ministro responde: ‘Esse som maravilhoso vem da harpa, majestade. O Rei ainda diz: ‘Traga-me aquele som’! Então o ministro coloca a harpa diante do trono do rei e diz: ‘Oh grande Rei! Este é o som’! O Rei diz à harpa: ‘Faça o som, faça o som’! Mas a harpa não produz qualquer som. Então o Rei corta-lhe as cordas, e ainda não há som. Ele arranca-lhe a casca, quebra a madeira e a despedaça, pretendendo forçar a saída do som, mas nenhum som [surge]. Então o Rei se enfurece com o ministro e diz: ‘Como ousa mentir para mim’? O ministro disse ao Rei: ‘Ora, esta não é a maneira de se obter um bom som. Todas as relações causais e bons meios habilidosos podem de fato evocar o som’.
É o mesmo com a Natureza de Buda. Não existe um lugar onde ela repouse. Somente através dos melhores meios hábeis ela é capaz de aparecer. Quando ela pode ser vista, ganha-se a Iluminação Insuperável. O icchantika não pode ver a Natureza de Buda. [Assim,] como ele pode acabar com os pecados dos três (maus) domínios (da existência)?”
Sutra do Nirvana, Capítulo 32, sobre o Bodhisattva Rei Altamente-Virtuoso 6.

Caro Marcos,
Fantástico!
Uma pena perceber que, tanta gente entronada na condição, seja de pai, de patrão, ministro, prefeito, governador ou presidente, além de tantas outras funções, persistam no engano de arrebentar harpas, acreditando que elas deveriam retumbar em sons agradáveis por si só.
Magnífico!