Então, havia em meio aos congregados um Bodhisattva chamado ‘Rugido do Leão’. Ele levantou-se, arrumou seu robe, tocou os pés do Buda, prostrou-se, juntou suas mãos, e disse ao Buda: “Oh Honrado pelo Mundo! Eu desejo indagar. Por favor, permita-me indagar, oh Grande Compassivo!”
Então, o Buda disse a toda a congregação: “Oh bons homens! Agora vocês deveriam honrar muito, respeitar e elogiar este Bodhisattva. Façam oferecimentos de incenso e flores, de música, de colares, estandartes, dosséis, roupas, comidas, bebidas, roupas de cama, remédios, casas e palácios, e acompanhem as suas idas e vindas. Por quê? Porque no passado esse Bodhisattva realizou com nobreza todas as boas ações nos lugares (nas funções) dos Budas, e ele está repleto de virtudes. Em razão disto, ele agora deseja emitir um rugido do leão diante de mim. Oh bons homens! Ele é como um Rei-Leão. Ele conhece seu próprio poder, possui dentes afiados, e suas quatro patas firmam-se sobre o chão. Ele vive em uma gruta rochosa; ele abana sua cauda e dá um rugido. Quando ele se apresenta assim, ele sabe que de fato emite um rugido de leão. O verdadeiro Rei-Leão emerge da sua caverna logo ao amanhecer. Ele alonga o seu corpo e boceja. Olha ao redor, rosna e ruge para onze coisas. Quais são aquelas onze?
Primeira, ele deseja esmagar uma pessoa que, não sendo [verdadeiramente] um leão, tem a pretensão de apresentar-se como um leão.
Segunda, ele agora deseja testar a sua própria força física.
Terceira, ele deseja purificar o lugar onde ele vive.
Quarta, ele deseja conhecer os lugares onde todos os outros estão vivendo.
Quinta, ele não teme qualquer outro.
Sexta, ele deseja despertar aqueles que estão dormindo.
Sétima, ele deseja tornar todos os animais indolentes em não-indolentes.
Oitava, ele deseja que todos os animais venham e rendam-se [para ele].
Nona, ele deseja subjugar o grande gandhahastin (elefante almiscarado).
Décima, ele deseja testar todos os filhos.
Décima primeira, ele deseja adornar todos aqueles com os quais ele está relacionado.
Todos os pássaros e animais ouvem o rugido do leão. Aqueles da água escondem-se nas profundezas, aqueles sobre a terra em grutas e cavernas, aqueles que voam caem ao chão, e todos aqueles grandes gandhahastins tornam-se assustados e expelem impurezas (se purificam). Oh todos vocês bons homens! Uma raposa pode seguir um leão por cem anos, no entanto, ela não pode rugir. A situação é como aquela. O filho de um leão, na idade de três anos completos, pode verdadeiramente rugir, como um Rei-Leão.”
Sutra do Nirvana, Capítulo 33, sobre o Bodhisattva Rugido do Leão 1.