“Então, Shariputra foi para Sravasti, cavalgando junto com Sudatta. Através do meu poder transcendental, eles chegaram ao seu destino em um dia. Então, Sudatta disse a Shariputra: ‘Oh Altamente Virtuoso! Afora deste portão, há um lugar bem adequado para a finalidade. Não é próximo e nem distante, onde há muitas nascentes e lagos, muitas florestas com flores e frutos; e o lugar é puro, quieto e amplo. Construirei Viharas [monastérios – locais de residência] lá para o Buda e seus Monges’. Shariputra disse: ‘A floresta do Príncipe Jeta não é próxima e nem distante. É pura e quieta. Há muitas nascentes e córregos. Há flores e frutos da estação. Esse é o melhor lugar. Construamos um Vihara lá’.
Então, ao ouvir isto, Sudatta foi ao grande homem rico, Jeta, e lhe disse: ‘Eu agora desejo construir um Vihara Budista e dedicá-lo a alguém insuperável no Dharma, em um lugar que lhe pertence. Agora desejo comprá-lo de você. Você o venderia para mim’? Jeta disse: ‘Não o venderei, mesmo que você cubra o chão com ouro’. Sudatta disse: ‘Bem falado! A floresta pertence a mim. Tome meu ouro’. Jeta disse: ‘Não estou vendendo a floresta para você. Como posso pegar o seu ouro’? Sudatta disse: ‘Se você não estiver satisfeito, irei ao magistrado’. E ambos foram juntos ao magistrado. O magistrado disse: ‘A floresta pertence a Sudatta. Jeta deve pegar o ouro’. Sudatta imediatamente enviou homens com cargas de ouro sobre carroças e cavalos. Quando chegaram, ele cobriu o chão com ouro. Em um único dia viu-se uma área de 500 ‘bu’ [unidade de medida de terra Chinesa, em torno de 6 ou 6.4 pés] coberta; e ainda não estava tudo coberto. Jeta disse: ‘Oh homem rico! Se você tem algum arrependimento dentro de você, está completamente livre para cancelar o negócio’. Sudatta disse: ‘Não sinto qualquer arrependimento’. Ele pensou para si qual dos depósitos ele abriria agora para obter ouro para a área ainda deixada sem cobertura. Jeta pensou para si: ‘O Tathagata, Rei do Dharma, é realmente alguém insuperável. As coisas maravilhosas que ele ensina são puras e imaculadas. Esse é o porquê esse homem pensa assim tão despreocupadamente sobre este tesouro’. Ele então disse a Sudatta: ‘Não necessito agora de qualquer ouro para o que permanece descoberto. Por favor, pegue-o. Eu mesmo construirei um portão para o Tathagata, tal que ele possa entrar e sair dele’. Jeta construiu o portão e, em sete dias, Sudatta construiu um grande Vihara numa área de 300 ‘ken’ [o ‘ken’ mede cerca de 6 pés] na largura e no comprimento. Havia quartos para meditação silenciosa em número de 63. Os aposentos eram diferentes para o inverno e para o verão. Havia cozinhas, banheiros, e um lugar para lavar os pés. Havia dois tipos de lavatórios.
Concluídas as construções, ele (Sudatta) pegou um incensório e, apontando na direção de Rajagriha, disse: ‘As obras estão completas agora. Oh Tathagata! Por favor, tenha piedade e ocupe este lugar, e fique (viva) aqui para o bem dos seres’. Tão logo li o pensamento desse homem rico à distância, parti de Rajagriha. No curto espaço de tempo que leva um homem forte e jovem para dobrar e estender seu braço, viajei para Sravasti, para Jetavana, e tomei posse do Monastério de Jetavana. Quando cheguei ao local, Sudatta o dedicou-me. Eu então o recebi e o habitei.”
Sutra do Nirvana, Capítulo 36, sobre o Bodhisattva Rugido do Leão 4.