Um Sonho Sobre o Passado

Eu estava deitado de bruços sobre uma espécie de tablado e não tinha total visão à minha volta. Ouvia o som da recitação do “Nam-Myoho-Rengue-Kyo” bem compassado e uma voz profunda. Havia também um surdo solitário com uma batida singela coincidindo com o som de “Nam”. Com este som ao fundo, vi claramente inscrições do Daimoku do Sutra de Lótus ( ou seja, Myoho-Rengue-Kyo) em três colunas. O Daimoku era assim recitado, com uma batida profunda do surdo sobrepondo-se ao som do “Nam”.

Enquanto isso, do lado para o qual o meu rosto estava virado, três homens, um de cada vez, fizeram evoluções ao som da recitação do Daimoku. Eram saltos (piruetas) que eles davam no ar, apoiados em uma perna só, mas à frente, bem alto e depois de algumas piruetas (acho que três cada um) eles se deitavam ao chão e ficavam imóveis. Eram esguios e um estava de branco, um de preto e outro de vermelho, em trajes típicos.

Quando isso terminou, o tablado em que eu me encontrava começou a andar velozmente. Lembro-me que eu tinha receio de bater a cabeça nas paredes e pelas portas por aonde ia passando; mas, eu dizia para eu mesmo não me mexer. Fui empurrado até um determinado local. Chegando lá, levantei-me e vi quem havia me empurrado até lá: André e Fernanda, meus filhos. Fiquei em pé, sai daquele local e fui para outro. Acordei desse sonho em 15 de abril de 1989.

Até hoje nada me convence do contrário. Tudo isso aconteceu quando sofri aquele acidente de automóvel em 18 de maio de 1978 e fiquei à beira da morte. O tablado era uma maca e o local da correria foi o Hospital das Clínicas de São Paulo. O detalhe é que meus filhos não haviam nascido quando tudo aconteceu. André nasceu em 1981 e Fernanda em 1983; e eu próprio viria a me tornar Budista em 1987, cerca de 9(nove) anos após o acidente.

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Por muccamargo

Físico, Mestre em Tecnologia Nuclear USP/SP-Brasil, Consultor de Geoprocessamento, Estudioso do Budismo desde 1987.

1 comentário

  1. Ilmo. sr. Marcos Ubirajara,
    estava passeando por seus escritos, nesse jardim de flores de lótus, e me deparei com seu constante esforço de sacerdote, de conduzir outrem e outrem ao nobre caminho das flores de lótus, pensei, que homem maravilhoso! Como os budhas das dez direções devem estar felizes com um exemplar de sua natureza; como o mestre do Sutra de Lótus o senhor bem aventurado Shakyamuni Budha deve estar feliz com seu trabalho tão bem dedicado, e ainda o devoto do sutra de lótus o venerável senhor Nitiren Daishonin Sama, deve estar se sentindo recompensado com um homem de sua tão nobre estirpe. Porque eu que sou pequenino observador, ví em seus trabalhos a flexa da sabedoria dos Budhas e ancestrais, que dirá os sabios…Não posso deixar de oferecer-lhe minha sincera gratidão por tão belo trabalho que o senhor tem realizado. Homens de sua estirpe cada vez deveriam existir mais…Esarei sempre orando por sua preciosa vida. Nammyohorenguekyo.
    Obrigado, Abade Mattuzalem Lopes Cançado

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