III.2.4 – Propriedades Piezoópticas dos Cristais
O efeito piezoóptico consiste na variação das propriedades refringentes dos cristais sob ação das tensões mecânicas exteriores estáticas ou variáveis (incluam-se os defeitos ou estruturas de defeitos criados por essas). É conveniente descrever a variação dos índices de refração com uso da indicatriz óptica. A equação da indicatriz óptica de qualquer cristal no sistema de eixos principais x1, x2, x3 tem a forma:
|
x1 / n12 |
+ |
x2 / n22 |
+ |
x3 / n32 |
= |
1 |
|
|
|
ou |
|
|
|
|
|
α1 x12 |
+ |
α 2 x22 |
+ |
α 3 x32 |
= |
1 |
onde α 1, α 2, α3 , são as impermeabilidades dielétricas principais do cristal na ausência de campo. O tensor (α ij) é inverso com relação ao tensor de permeabilidade dielétrica (εij) e se chama tensor das constantes de polarização.
Ao se sobrepor o campo das tensões mecânicas, variam a forma e a orientação da indicatriz óptica e, no caso geral, seus novos eixos principais não coincidem com os iniciais. No novo sistema arbitrário de coordenadas x1’, x2’, x3’ , que tem a mesma origem do sistema principal x1, x2, x3 , a equação da indicatriz óptica pode ser escrita:
α’11x’12 + α’22x’22 + α’33x’32 + 2 α’23x’2 x’3 + α’13x’1x’3 + 2α’12x’1 x’2 = 1
As constantes de polarização α’ij relacionadas com o sistema x1’, x2’, x3’ , relacionam-se com as constantes α ij no sistema principal por:
α’jk = cji cki α ii
onde os cji e cki são os cossenos diretores dos ângulos entre os eixos do sistema arbitrário e o principal. As variações das constantes de polarização Δαij devido à aplicação das tensões mecânicas (deformações – efeito eletroóptico) são iguais a:
Δαij = α’ij – α ij
As variações das constantes de polarização neste caso (com exatidão até os termos de primeira ordem) resultam serem proporcionais às tensões mecânicas (deformações):
|
Δαij |
= |
Rijkl tkl |
|
Δαij |
= |
Пijklrkl |
Os coeficientes Rijkl e Пijkl formam o tensor de quarta ordem e se chamam, respectivamente, constantes piezoópticas e elastoópticas. Devido ao fato que Δαij = Δαji ; tkl = tlk (na ausência dos momentos volumétricos), então:
|
Rijkl |
= |
Rjikl |
|
Пijkl |
= |
Пijlk |
Expressão Matricial: As equações acima, na forma matricial, podem ser escritas:
Δαm = Rmn tn
onde,
|
Rmn |
= |
Rijkl |
, |
quando n é igual a 1, 2, 3 |
|
Rmn |
= |
2Rijkl |
, |
quando n é igual a 4, 5, 6 |
Também,
Δαm = Пmn rn
onde os Пmn são os coeficientes elastoópticos adimensionais, com a particularidade de que Пmn = Пijkl para todos os m e n. No caso geral, Rmn ≠ Rnm e Пmn ≠ Пnm . Os coeficientes Rmn e Пmn estão relacionados por meio das seguintes correlações:
|
Rmn |
= |
Пmr Crn |
; |
Пmn |
= |
RmrSrn |
onde Crn e Srn são coeficientes de rigidez elástica e compressibilidade elástica, respectivamente.
N.Perelomova, M. Taguieva – Problemas de Cristalofísica – Ed. Mir, 1975 – Moscou – URSS.
